Segredos da Lua, parte II

 Nota: Olá! Esta é a segunda parte do conto que faz parte do projeto Um mês, um conto (acompanhe no instagram aqui) que consiste em escrever um conto sobre um determinado gênero em um mês (leia outros contos do projeto aqui). Confesso para vocês que eu ainda não tive tempo para ler os comentários e peço desculpas por isso, assim que possível eu leio e respondo todos vocês. Também digo que tive mais ideias para a história (na verdade, histórias) da Lua e queria saber se vocês leriam também.

Boa leitura para vocês!

Sinopse: Uma pessoa esconde muitos segredos... E Lua sabe muito bem disto, pois esconde até seu nome das pessoas da Vila do Ipê-Amarelo. O que ela não esperava é que muitas coisas podem mudar após uma noite de outono. 


Leia a primeira parte



Dei um gole curto em minha bebida.


– Mas quem te atacaria?


– A pergunta certa é quem não me atacaria. – Ri, bebendo mais um pouco da bebida – Já matei muitas pessoas e já vieram atrás de mim querendo vingança, impressionar alguém ou simplesmente acham que me matar vai melhorar o ego. Lembra quando Dorothy matou aquele caçador sobrenatural? Ou quando Liberty ficou dez meses presa e matou aquele chefe da máfia? E não vamos esquecer de quando Karin assassinou aquele outro empresário que enviava ameaças ou quando Clarisse matou o antigo professor e jogou o corpo no píer de Bournemouth às quatro horas e quarenta e quatro minutos da manhã.


– Você decorou o horário?


– Só quando fico ansiosa com algo. – Comentei rapidamente, tentando pegar o ar como se fosse necessário – As pessoas tem amigos e contatos. E, no caso de vampiros, podem ter ego enorme e desejo por vingança.


– Acho difícil, só se acompanharam você com o passar dos anos e conhecem todos os seus disfarces.


– Tudo é possível nesta cidade. – Dei mais um gole curto – Preciso parar de esbarrar com pessoas erradas.


– É estranho morar no Brasil novamente?


– Nem tanto. – Dei de ombros e mais um gole na bebida – Não sei por quanto tempo vou ficar aqui, só depende do Luther.


Mais um gole longo para não jogar a garrafa na parede. Luther é o motivo de que estou aqui. Quando descobri que ele matou uma jovem que eu havia praticamente adotado, meu plano é matar suas crias uma por uma. E, para minha sorte, sua preciosa família está aqui.


– Você vai mesmo mata-los? – Sol perguntou.


– Não vim aqui para ser médica em uma enfermaria universitária. – Garanti – Queria dar uma vida para Alice, mas ele tirou a vida dela apenas para me atingir e me obrigar a matar mais alguns de seus inimigos, mesmo depois de anos sem trabalhar com ele. – Alice era outro assunto delicado para mim. Tratei aquela criança como minha filha desde quando ela nasceu e a mãe biológica dela a abandonou no hospital. Quando ela completou 19 anos, Luther a matou e me contou isso por meio de um bilhete – Por isso estou saindo com o Tomas, um de seus vampiros. – Caminhei até a cozinha americana calmamente, controlando os meus passos e abri a gaveta, puxando uma faca de corte – Estou apenas aguardando o momento certo para quebrar – Enfiei a faca na mesa de pinheiro que estava na cozinha – o pescoço de sua criação mais velha. E assim que ele chegar para ver o que aconteceu, vai encarar com toda a sua família morta.


Dei uma risada que assustou meu irmão, que encarou a mesa com a faca cravada em seu centro.


– Eu já queria me livrar desta mesa. – Comentei, bebendo o resto do conteúdo da garrafa – Só estava precisando de um bom motivo.


Ele olhou para mim, muito provavelmente questionando a minha sanidade. Como se ele não soubesse que a minha sanidade foi embora quando eu saí do útero.


Sol ia falar, mas estendi o dedo para que ele não falasse nada, pois ouvi uma conversa levemente suspeita atrás da minha porta.


– Você tem certeza que ela está aí? É meu primeiro trabalho, não quero vacilar. – O primeiro homem falou, com uma voz fina. Provavelmente estava nervoso ou era um adolescente – E está com o calmante em mãos?


– Já estou com tudo Estevão. – O outro homem falou firmemente com sua voz mais grossa – É só dar o calmante até ela ficar fraca e acertar o pescoço dela. Aí podemos voltar para a chefe com o troféu.


Já imaginava que minha cabeça tinha um grande valor, mas não imaginei que seria tão valiosa assim. Mas uma coisa me surpreende... A chefe. Geralmente quem quer me matar são os vampiros homens por questão de ego frágil, é a primeira vez que vejo uma mulher querendo me matar. Pelo visto estou ficando cada vez mais popular. E pensei que esta “visita” encontra duas opções: “a chefe” que está atrás de mim não tem força o suficiente para me matar ou estava a fim de se livrar de novatos. Se for como a maior parte das vampiras que eu conheci pelo mundo, a opção mais provável é a segunda. Novatos muitas vezes são um saco, principalmente por conta das suas principais características humanas estarem bem em evidência. Então se como humano a pessoa era impulsiva, como vampiro não vai pensar em nada – só vai agir.


Bom, eu poderia simplesmente ser uma pessoa boazinha e deixa-los ir embora, mas estou estressada. Caminhei até a geladeira branca e peguei o meu Château Margaux de 2014 e abri a garrafa com facilidade, deixando meu irmão com uma cara questionadora. Ele sabe que, caso fosse humana, não teria mais fígado, então o motivo de eu abrir a segunda garrafa da noite em menos de uma hora é por questões de problemas à frente.


– Tem vampiros novatos no corredor querendo minha cabeça. – Olhei para ele, enquanto colocava o vinho em uma taça. Tomei um gole do líquido encorpado com uma cor intensa – E eles mencionaram uma chefe, vou tentar arrancar algumas informações antes de mata-los.

Comentários
1 Comentários

Um comentário :

  1. Muito bom! Diálogos bem construídos e o final dá o gancho de toda ação para a última parte.
    Parabéns!

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